Já Li #30 - Mar Despedaçado, vol. 1: Meio-Rei, de Joe Abercrombie


Eventualmente, criar expectativas a respeito de um determinado livro pode gerar uma grande frustração, e este é o sentimento que define minha leitura da obra Meio-Rei, de Joe Abercrombie. Em tempos onde o gênero de Fantasia parece estar em franco crescimento e pelo fato de ser meu tipo preferido de Literatura, nem sempre me deparo com obras interessantes.

Joe Abercrombie era editor de vídeos. Talvez por isso, muitas das cenas deste livro sejam vívidas e bem imaginadas, embora outros elementos da trama careçam de profundidade (e vou chegar lá ao longo do post). O ritmo dos capítulos também é ágil, como se fossem roteirizados para um vídeo, e a sensação é a de que estamos assistindo a um filme de muita ação e aventura. 

Meio-Rei é o primeiro volume da trilogia Mar Despedaçado. Esta série conta a jornada de Yarvis, um jovem príncipe de Gettland. A grande particularidade do protagonista é que ele não tem uma das mãos e carrega o fardo físico e psicológico de ser aleijado. No primeiro volume, a estória é narrada pelo ponto-de-vista dele, mas nos livros subsequentes outras personagens passam a ter mais destaque na narração.

Embora a premissa da estória diga que o cenário dos acontecimentos é uma Escandinávia pós-apocalíptica que retornou ao modo de vida medieval, isto pouco aparece ao longo do livro. O leitor conta somente com um mapa e com vários nomes de lugares ao longo da trama, sem nenhuma contextualização histórica relevante do que acontece naquele universo. Somente fui compreender que outros dois locais citados - Vansterland e Throvenland - eram países quando dei uma breve pesquisada na internet sobre a estória. Este aspecto da narrativa já me frustrou logo de cara, pois gostaria de saber que reino é este onde Yarvis está inserido. Nada se diz sobre a política ou o governo do local, o leitor apenas sabe que ele é regido por um Rei Supremo tirano e cruel.

Quando seu pai e seu irmão mais velho morrem, Yarvis se vê na sucessão ao Trono Negro. Porém, ninguém, nem mesmo ele, confia que ele será um bom rei, pois ele é aleijado e não pode comandar exércitos e batalhas. Enquanto ele está no processo de ser coroado e começar a governar, seu tio tenta matá-lo para ficar com o trono. Yarvis é jogado de um precipício mas não morre, sendo comprado como escravo de um navio pirata. No navio, aos poucos ele faz amigos e conquista a confiança na capitã megera e bêbada e retorna à sua terra natal para vingar-se do tio.

Outro problema que tive com a estória foi a sucessão de clichês e estereótipos, tanto dos eventos em si quanto das personagens. Mesmo quando Yarvis está na pior, achei que era óbvio o rumo que o enredo iria tomar e não me surpreendi com a estória, nem mesmo no tal plot twist que soube que haveria no final. Senti como se estivesse lendo uma estória repetida ou assistindo a um filme da Sessão da Tarde.

E, para piorar, o protagonista não me cativou. No início do livro, Yarvis se subestima por ser aleijado e não cansa de se auto-denegrir a cada dois parágrafos, o que tornou o começo do livro bastante cansativo. E, mesmo depois de conseguir uma série de feitos ao longo da trama e superar um monte de obstáculos, Yarvis termina do mesmo jeito que começou: se subestimando. Não há nenhuma evolução na personagem, em nenhum nível. 

Em tempos onde existem escritores de fantasia como Brandon Sanderson, Patrick Rothfuss e Neil Gaiman, não dá para engolir esta estória meia-boca.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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