Já Li #11 - A Máquina Diferencial, de William Gibson & Bruce Sterling


William Gibson e Bruce Sterling são ícones absolutos da ficção-científica. Gibson escreveu "A trilogia Sprawn", obra imprescindível para quem gosta do gênero. Sterling é reconhecido pelos contos steampunk. Portanto, quando vi que eles tinham escrito este livro - A Máquina Diferencial - juntos, quase surtei de emoção.

O livro, na realidade, é uma extrapolação, pois tanto Charles Babbage - uma das personagens do livro - quanto esta Máquina Diferencial realmente existiram. A Máquina foi construída por Babbage em 1822 (vide foto) com o objetivo de calcular mecanicamente polinômios, usados para cálculos de engenharia, astronomia, navegação, ciência, etc.

O livro, escrito em 1990, tem uma sinopse parecida à história real. Em uma Londres vitoriana steampunk, Charles Babbage construiu a Máquina Diferencial, uma supermáquina capaz de fazer cálculos avançadíssimos e, com eles, manter a Inglaterra na supremacia do mundo. Quando Babbage percebe que já conseguiu se estabelecer na aristocracria por causa da importância da sua invenção, ele decide elevá-la a um novo patamar, criando uma camada de Análise nesta Máquina, que permitirá que muitas decisões de Estado sejam feitas de forma automática e mecânica, sem passar pelo crivo dos homens.
A estória segue o curso das ações de três personagens:  Sybil Gerard, cortesã e filha de um líder revolucionário; Edward Mallory, paleontólogo e explorador; e Laurence Oliphant, espião inglês a serviço do governo britânico.

Ao longo do enredo, surgem diversas intrigas que visam destruir esta supremacia da Inglaterra e, consequentemente, a Máquina Diferencial, o que confere ao livro, predominantemente, um tom político. O livro também explora as consequências do avanço tecnológico para a sociedade e para o Governo, demonstrando as implicações das tais Análises da Máquina. O cenário econômico e político mundial do livro torna-se uma ficção especulativa que responde à pergunta: "E se a Inglaterra fosse o país dominante do planeta?". Com isso, países como EUA e China são representados como fragmentados e pouco poderosos, a alimentação e cultura mundiais são baseadas nos costumes ingleses, e assim por diante.

Porém, todavida, contudo... não gostei do livro. Terminei a leitura porque queria saber onde a estória iria chegar e, embora o final seja surpreendente, não me cativou. Gibson e Sterling juntos conferiram uma narrativa arrastada e demorada, com alguns trechos incompreensíveis e, na minha opinião, era fácil notar quando um e outro haviam escrito os seus respectivos trechos, pois a narrativa não ficou homogênea. Esperava mais da junção de dois cérebros tão geniais.

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